O Tao,a sabedoria do silêncio interno, China século VI A.C, o caminho que não é panteísta, politeísta ou monoteísta e sim monista. Filosofia de Lao-Tse da prosperidade sem interesse, o sábio é um ser sapiente que está conectado com a cosmo consciência que é a consciência do todo, de Deus a qual guia teu agir e não a ego consciência que seria a do indivíduo,limitada e corpórea. O ser ontológico do TAO é como a água, flui sobre a vida naturalmente é indestrutível, indivisível e transparente, não tem desejos apenas é o que é e se sofre interferência externa acaba retornando ao seu estado original, pois a paz é sua essência. No TAO o número 0 representa o vazio total, o nada, ausência de quantidade e qualidade. Enquanto o 1 contém todas as realidades possíveis, juntando o 1 ao 0 temos o 10,100,1000,10000… ou seja, o infinito que rege o universo. A ação é de dentro para fora e o sábio não se envaidece sobre suas ações, sendo este o caminho para a felicidade. É no taoísmo que temos o conceito de wu-wei que seria a não ação, se deixar levar pela consciência cósmica e assim o autogoverno floresce harmonicamente, pense em você em uma canoa no meio do mar e se deixando levar pela correnteza sem remar contra o fluxo natural da vida, seria sem esforço você seguir o caminho que deve.
Lao-Tse, Lao significa criança, jovem, adolescente. Tsé é o sufixo chinês que significa idoso, maduro sábio. Logo Lao-Tse seria a criança sábia. Lao-Tse teria vivido no 6º século antes de cristo. Passou a primeira metade de sua vida- cerca de 40 anos- na corte imperial chinesa, trabalhando como historiador e bibliotecário. Há quem diga também que Lao-Tsé era um ser mitológico, um estado de consciência simbólico que representa se tornar uno com o verso, o qual muitas outras tradições também adotaram.
O visível age através do invisível e este último dá utilidade a vida e as coisas materiais. O Homem Cósmico então, tem essa consciência e age a partir dessa consciência do Eu que permeia também outras tradições que a nomeiam de Brahman, Atman e Consciência Cristica por exemplo.
Trecho Tao Te King
Agora vamos examinar um verso poético de Lao-Tse no Tao Te King:
IMPOSSÍVEL CONHECER O INCOGNOSCÍVEL
Quem quer ver a Divindade,
Não a verá,
Porque ela é invisível.
Quem quer ouvir a Divindade,
Não o ouvirá,
Porque ela é inaudível.
Quem quer tanger a Divindade,
Não tangerá,
Porque ela não tem forma.
Nenhum caminho parcial
Conduz à meta total.
Só na visão do Todo se encontra a Divindade
E então a superfície parece tenebrosa escuridão.
Enquanto a profundeza parece luminosa superfície.
Nunca a Divindade é inteligível,
Ela permeia o Universo em fim
E gira pelo Todo como se fosse o Nada.
A Divindade é uma forma sem forma.
A Divindade é o Ser sem Existir,
É o mais Insondável de todos os insondáveis.
Quem encara a Divindade não lhe vê a face.
Quem segue o Infinito, o verá sempre fugitivo.
Só quem sintoniza com o Infinito,
Esse o conhece realmente,
Como os antigos o conheciam,
Eles, que sabiam que todos os visíveis
Nascem do Invisível.
Explicação:
A tentativa de intelectualizar esta consciência suprema só nos afasta dela, uma vez que não é visível a olho nu, nem audível aos nossos ouvidos e nem tangível as nossas mãos. Sentir em meditação nos conecta a isso e nos torna uno com o verso, a antena que sintonizou e age por meio do invisível que nos guia ao longo da jornada quer estamos conscientes ou não desse fato. Mas aqui é essencial a ausência de desejo, alcançar tal estado não é uma busca, simplesmente acontece. Quando ganhamos consciência disso, então tateamos a beira da não existência.
A jornada
A jornada espiritual muitas vezes pode parecer um caminho do qual o ser não é compreendido, o homem espiritual pode parecer um fracasso aos olhos dos outros que buscam uma razão de ser/existir um objetivo, propósito de vida, enquanto o sábio ligado a cosmo-consciência vê o sucesso na sua autorrealização e não nas coisas do mundo as quais a sociedade determina como sucesso .Por isso, a autodescoberta muitas vezes vem repleta de dificuldades, sensação de não se encaixar no mundo e não pertencimento. No entanto, dessa vacuidade vem a compreensão do verdadeiro amor e bondade que no fundo não está nas coisas do mundo e sim na consciência de ser uma alma, instrumento da força criadora primordial, a fagulha divina que nos guia para as verdades muitas vezes escondidas, mas que ali estão para ser descoberta e permitir que tudo flua com harmonia, assim como o sopro do vento, a natureza em sua imensidão e sabedoria.
Logo, se considerarmos os aspectos práticos do taoísmo no nosso dia a dia o cerne estaria na nossa conduta perante a vida, viver implica em morrer para o que não serve mais. O Tao nos ensina a não rotular, concentração no ser e não no ter, até porque desta vida não se leva nada. Mesmo no mundo que vivemos é possível ser governado pela cosmo-consciência, cada um governa a si próprio e da consciência adquirida individual a sociedade floresce pelo conjunto desses indivíduos despertos. Complementar a filosofia atribuída a Lao-Tse é a de Confúcio que teria vivido na mesma época, esta filosofia estava mais focada em questões políticas e sociais. Já o Taoísmo estaria para a metafísica, o verdadeiro Tao não pode ser nomeado, uma vez que nomear limita aquilo a finitas possibilidades. Pensar antes de dizer ou agir, fazer práticas de silêncio, não se comparar aos outros e agir de acordo com a ética universal, não se engrandecer dos atos que nos são concedidos são exemplos de como o Tao pode ser aplicado em nossas vidas para que nosso Chi (a energia vital) seja preservado e perpetuado, não limitando o poder infinito.
Referências:
Livro: Tao Te King à Lao-Tse
Livro: I-Ching(o livro das mutações) à Richard Wilhelm
Vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=ThFTGY_fwGo Lucia Helena Galvão- Nova Acrópole